sábado, 25 de outubro de 2008

O Sistema Urinário


O sistema urinário participa da manutenção da homeostase através da eliminação de restos do metabolismo, de água e outras substâncias pela urina. O aparelho urinário tem a tarefa de separar do sangue as substâncias nocivas e de eliminá-las sob a forma de urina. Compõe-se ele dos rins, que filtram o sangue e são os verdadeiros órgãos ativos no trabalho de seleção das substâncias de rejeição; dos bacinetes renais com os respectivos ureteres, que conduzem a urina até a bexiga; da bexiga, que é o reservatório da urina; da uretra, canal mediante o qual a urina é conduzida para fora. Juntamente com as substâncias de rejeição, o aparelho urinário filtra e elimina também água. A eliminação de água é necessária seja eporque as substâncias de rejeição estão dissolvidas no plasma, que é constituído, na sua maior parte, de água, seja porque também a quantidade de água presente no sangue e nos tecidos deve ser mantida constante.
O sistema urinário é formado por 2 rins, 2 ureteres, 1 bexiga e 1 uretra.

Sistema Urinário Masculino e Feminino


Rins


Os rins são os principais órgãos do sistema urinário. Situados na cavidade abdominal, na região lombar, um de cada lado da coluna vertebral e rodeados por um tecido gorduroso, os rins são órgãos em forma de feijão, de cor vermelha escura. Têm o tamanho de um ovo de galinha, medindo cerca de 11 cm de comprimento e 6 cm de largura. Pesam entre 115 e 155 gramas nas mulheres e entre 125 e 170 gramas nos homens. O lado côncavo está voltado para a coluna vertebral e é por esse lado que entram e saem os vasos sanguíneos, do qual a artéria renal e a veia renal são os mais importantes.
Os rins extraem os produtos residuais do sangue através de milhões de pequenos filtros, denominadas nefrônios, que são a unidade funcional dos rins. Dos nefrônios, os resíduos recolhidos são enviados através dos ureteres para a bexiga.
Os nefrônios estão sempre funcionando? Sim, a sua atividade é contínua e permanente. Mais de 1000 litros de sangue passam através dos rins diariamente, o que significa que eles filtram todo o sangue do nosso organismo várias vezes por dia (porque no nosso corpo existem apenas 5 litros de sangue). Num período de 24 horas os nefrônios produzem cerca 180 litros de urina, mas em média, cada pessoa só excreta cerca de 1,5 litros por dia.

Ureteres

Dos rins, a urina viaja através de dois finos tubos chamados ureteres até a bexiga. Os ureteres medem aproximadamente de 8 a 10 polegadas de comprimento. Músculos nas paredes dos ureteres constantemente contraem e relaxam para forçar a urina dos rins para baixo. Se é permitido que a urina fique parada, ou volte para cima, uma infecção renal pode se desenvolver. Pequenas quantidades de urina são despejadas na bexiga pelos ureteres a cada 10 a 15 segundos, aproximadamente.

Bexiga


A bexiga é um órgão muscular oco com formato de um balão. Ela se situa na sua pelve (parte inferior do abdome) e é mantida no lugar por ligamentos inseridos em outros órgãos e nos ossos da pelve. A bexiga armazena urina até que você esteja pronto para ir ao banheiro para esvaziá-la. Ela incha obtendo uma forma arredondada quando está cheia e fica diminuída quando vazia. Se o sistema urinário está íntegro, a bexiga pode comportar até 500ml (2 copos) de urina confortavelmente por 2 a 5 horas.
Músculos circulares chamados esfíncteres ajudam a evitar que a urina vaze. Os músculos esfincterianos se fecham como uma fita de borracha ao redor da abertura da bexiga na uretra, o tubo que permite que a urina passe para fora do corpo.
Nervos da bexiga informam quando é hora de urinar (esvaziar a bexiga). Ao passo que a bexiga vai ficando repleta de urina, pode-se perceber uma necessidade de urinar. A sensação de urinar torna-se mais forte à medida que a urina continua a encher e alcança seu limite. Neste momento, nervos da bexiga enviam ao cérebro uma mensagem de que a bexiga está cheia, e sua urgência para esvaziar a bexiga se intensifica.
Quando você urina, o cérebro sinaliza aos músculos da bexiga para se contraírem, espremendo a urina para fora da bexiga. Ao mesmo tempo, o cérebro sinaliza aos músculos do esfíncter para relaxarem. Quando estes músculos relaxam a urina sai da bexiga através da uretra. Quando todos os sinais ocorrem na ordem correta, acontece o ato de urinar normal.

Uretra

Uretra é a denominação dada ao canal condutor da urina, que parte da bexiga e termina na superfície exterior do corpo, no pênis ou vulva.

O que o organismo excreta?

O nosso sangue contém muitas substâncias de que não necessitamos e algumas podem mesmo ser perigosas - água em excesso, sais minerais, células mortas ou alteradas e resíduos das atividades celulares. Por isso têm de ser eliminadas.
O que o organismo não assimila, isto é, os materiais inúteis ou prejudiciais ao seu funcionamento, deve ser eliminado. Nossas células produzem muitos resíduos que devem ser eliminados (excretados) do organismo. Esses resíduos são chamados excretas.A pele e o sistema urinário encarregam-se de eliminar de nosso organismo os resíduos das atividades das células e também as substâncias que estão em excesso no sangue, expelindo-os sob forma de suor (pela pele) e de urina (pelo sistema urinário).

Urina

A urina é um líquido transparente, amarelado, formado nos rins e que transporta produtos residuais do metabolismo até ao exterior do organismo. Ela é constituída por 95% por água, na qual a ureia, toxinas e sais minerais, como o cloro, o magnésio, o potássio, o sódio, o cálcio, entre outros (que formam os restantes 5%), estão dissolvidos. Também pode conter substâncias comuns, utilizadas freqüentemente pelo organismo, mas que se podem encontrar em excesso, pelo que o corpo tem de se ver livre delas.

Formação da urina

O sangue chega aos rins através da artéria renal. No interior dos rins, esta artéria ramifica-se, formando uma rede intensa de capilares, que contactam com os nefrônios. É aqui que o sangue é filtrado, e os resíduos ficam retidos nos rins, assim como uma certa quantidade de água. O sangue purificado passa dos capilares para a veia renal, que sai do rim. A urina assim formada é conduzida gota a gota pelos ureteres até à bexiga, onde é armazenada, por um período de tempo variável, até sair pela uretra. Quando a bexiga se enche, sentimos vontade de ir à casa-de-banho. A bexiga tem uma capacidade variável, mas em média pode conter cerca de um terço de litro de urina.

Quantidade de urina que os rins produzem

A quantidade de urina produzida depende do tipo de regime alimentar e obviamente da quantidade de água ingerida. Se ingerirmos alimentos muito salgados, como batatas fritas, ocorre um aumento do nível de sal no sangue. Este aumento faz com que a reabsorção de sal (que acontece normalmente para impedir que este se perca) diminua e por isso a quantidade de sal na urina vai aumentar. Se for verificado uma descida da quantidade de sal no sangue, o organismo responde com um aumento da capacidade de reabsorção e mais sal volta a entrar na corrente sanguínea. E isto acontece para muitas outras substâncias. Quando as suas quantidades aumentam no sangue, o organismo possui mecanismos para impedir que elas fiquem no corpo e assim aumenta a sua quantidade na urina. Pelo contrário, se as suas quantidades descerem, a intensidade da reabsorção das substâncias em questão aumenta, para que maiores quantidades sejam mantidas no organismo.
É verdade que se forma uma quantidade muito maior de urina do que realmente é expulsa, ou seja, nem tudo o que sai da corrente sanguínea vai parar ao exterior do corpo. Se os rins diariamente produzem 180 litros de urina, mas apenas são responsáveis pela excreção de 1,5 litros, isto significa que 178,5 litros têm um destino diferente.

Para onde vai o resto da urina?


Quando o sangue é filtrado, muitas coisas que passam para os rins fazem falta no organismo. Por isso existem mecanismos para que esses produtos não se percam. É o mecanismo designado por reabsorção, que permite que grande parte da água que sai do sangue (cerca de 99%) não chegue a integrar a urina. E que não te esqueças que 70% do nosso corpo é água e para que possamos viver, assim tem de continuar. Se excretássemos todos os litros de urina que se formam, imagina a quantidade de água que não teríamos de beber todos os dias para não morrermos desidratados. É uma questão de conservação do conteúdo hídrico do corpo. Mas para, além da água, com outras substâncias acontece exatamente o mesmo. Determinados sais desempenham papéis muito importantes no funcionamento do organismo e a sua saída poderia colocar em risco a saúde. Além disto, seria um desperdício estar a expulsar substâncias que ainda podem ter utilidade. Deste modo o organismo controla as quantidades das substâncias que saem e que ficam.

Algumas doenças do Sistema Urinário

Proteínuria – Albuminúria
Presença de proteínas no sangue. O caso mais frequente é o da albumina. Este fenômeno indica que há uma permeabilidade excessiva nos glomérulos. Quando os valores de concentração de proteína na urina são acima do normal mas abaixo de determinadas concentrações considera-se a doença como microproteínuria.
Hematúria
Não é propriamente uma doença mas sim uma manifestação que poderá ter várias origens. Caracteriza-se pela cor avermelhada da urina, sendo na maior parte dos casos devida à presença de sangue.
Cistites
Infecções na bexiga que provocam dificuldade na micção e ao mesmo tempo uma maior necessidade de urinar. Em casos muito graves esta doença pode originar úlceras na bexiga.
Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)
Doença que se caracteriza pelo aumento da próstata levando ao bloqueio da uretra. Este bloqueio pode ser parcial ou em casos mais graves, total. Este bloqueio torna difícil a micção podendo levar a problemas de infecção da uretra.
Litíase ou cálculo urinário
Problema renal que provoca a acumulação de resíduos formando pequenas “pedras”. Estas pedras podem tomar proporções tais que têm que ser removidas cirurgicamente. Normalmente estas pedras são expelidas podendo provocar cólicas muito dolorosas ao passarem pelos ureteres.
Infecções do tracto urinário
Este tipo de infecções é provocado por bactérias que muitas vezes habitam no intestino onde não provocam qualquer problema. Contudo quando estas são transportadas para bexiga ou mesmo os rins, podem causar problemas graves. Dado o sexo feminino possuir uma uretra de menor comprimento, está mais vulnerável a este tipo de infecções. Além das bactérias intestinais podem surgir outros tipos de infecções provocadas por vírus ou outros agentes que debilitem o sistema imunitário de tal forma que os produtos tóxicos resultantes sejam nocivos aos rins.
Enurese
Problema que afeta as crianças por volta dos cinco anos. Caracteriza-se por perda de urina quer diurna como noturna. É considerada um sintoma e não uma doença. Este problema pode estar associado a um subdesenvolvimento do diafragma pélvico levando à perda incontrolada de urina.
Insuficiência Renal Aguda
É causada por uma agressão repentina ao rim, por falta de sangue ou pressão para formar urina ou obstrução aguda da via urinária. Pode estar associado a problemas circulatórios ou problemas no controle da pressão glomerular. A principal característica é a total ou parcial ausência de urina.
Insuficiência Renal Crónica
Estado em que o rim perdeu todas as suas capacidades funcionais. Pode ter inúmeras causas, desde infecções a acidentes vasculares. Nesta situação podem ocorrer problemas como anemia, hipertensão arterial, acumulação de ureia… Normalmente os doentes nesta situação necessitam recorrer à hemodiálise para sobreviver.
Nefropatias Tóxicas e não tóxicas
São causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e drogas. Podem originar outros problemas e em situações de sobre-dosagem podem causar insuficiência renal e certos tipos de cancro. Alguns sintomas de situações como esta são aumentos de concentrações de sais na urina e de outras substâncias que não deveriam ser excretadas em tão elevada concentração.
Doenças congênitas e hereditárias
Além das doenças anteriormente referidas, consideram-se também mutações e malformações quer por problemas durante a gestação ou por erros genéticos. Exemplos destas doenças são:
Hidronefrose
Doença em que o volume da pélvis renal aumenta para conseguir albergar uma maior quantidade de líquido. Pode ser provocada por uma má formação do uréter ou por infecções que levam a que a capacidade de transporte do uréter seja diminuída.
Ureterohidronefrose
Tem o mesmo tipo de comportamento que a doença anterior, contudo nesta o aumento de volume ocorre nos ureteres e não no rim.
Estenose
Esta doença caracteriza-se como um estreitamento de um canal, podendo atingir qualquer estrutura tubular no nosso organismo. No caso do sistema urinário, esta doença pode atingir os ureteres ou a uretra. O efeito provocado por esta doença é semelhante à HPB e pode levar ao aparecimento de Hidronefrose e Ureterohidronefrose.
Artresia
Tal como a estenose esta doença também é caracterizada por um estreitamento de um canal, contudo nesta doença o estreitamento é provocado por uma má formação.
Cancro
O cancro é hoje em dia uma das doenças mais temidas e cada vez mais mencionada. O sistema urinário é também alvo deste problema. O cancro pode ocorrer em qualquer corpo celular. No caso do sistema urinário os órgãos mais atingidos são os rins e a bexiga. No sexo masculino o cancro da próstata é também um dos cancros com maior taxa de incidência e que têm uma interferência direta com o sistema urinário podendo provocar HPB. O cancro da bexiga é talvez o de mais fácil abordagem, podendo o órgão ficar funcional mesmo após cirurgia. No caso dos rins o problema é mais complicado, sendo muitas vezes necessário recorrer a transplantes ou a
hemodiálise. Dado ser o rim o órgão responsável pela excreção de substâncias, a quimioterapia é muitas vezes posta de parte ou então conciliada com hemodiálise para que possam ser eliminados os tóxicos resultantes deste tipo de tratamento. Assim o tratamento de cancros nos rins é muito delicado e complicado.

Além destas doenças existem ainda outros problemas associados a perdas de sais tais como Sódio, Potássio, Cálcio, Magnésio, entre outros. A este tipo de doenças não se atribuiu nenhum nome específico sendo incluídas no grupo das nefropatias, dado estar subjacente um défice no rendimento ou capacidade dos nefrônios.